03 julho 2009

O bosque...




Tempos atrás, eu era vizinho de um médico, cujo "hobby" era plantar árvores no enorme quintal de sua casa.
Às vezes, observava da minha janela o seu esforço para plantar árvores e mais árvores, todos os dias.
O que mais me chamava a atenção entretanto, era o facto de que ele jamais regava as mudas que plantava.
Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam a demorar muito a crescer.
Certo dia, resolvi então aproximar-me do médico e perguntei se ele não tinha receio de que as árvores não crescessem, pois percebia que ele nunca as regava.
Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica teoria.
Disse-me que, se regasse as suas plantas, as raízes se acomodariam na superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima.
Como ele não as regava, as árvores demorariam mais para crescer, mas suas raízes tenderiam a migrar para o fundo em busca da água e das várias fontes nutrientes encontradas nas camadas mais inferiores do solo.
Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes profundas e seriam mais resistentes às intempéries.
Disse-me ainda, que frequentemente dava uma palmadinha nas suas árvores, com um jornal enrolado, e que fazia isso para que se mantivessem sempre acordadas e atentas.
Essa foi a única conversa que tive com aquele meu vizinho.
Logo depois, fui morar noutro país, e nunca mais o encontrei.
Vários anos depois, ao retornar do exterior fui dar uma olhada na minha antiga residência.
Ao aproximar-me, notei num bosque que não havia antes.
Meu antigo vizinho, havia realizado seu sonho!
O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que as árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem resistindo ao rigor do Inverno.
Entretanto, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como estavam sólidas as suas árvores: praticamente não se moviam, resistindo implacavelmente àquela ventania toda.
Que efeito curioso, pensei eu... As adversidades pela qual aquelas árvores tinham passado, levando palmadas e tendo sido privadas de água, pareciam tê-las beneficiado de um modo que o conforto o tratamento mais fácil jamais conseguiriam.
Todas as noites, antes de me ir deitar, dou sempre uma olhada em meus filhos.
Debruço-me sobre suas camas e observo como têm crescido. Frequentemente, oro por eles.
Na maioria das vezes, peço para que suas vidas sejam fáceis:
"Meu Deus, livra meus filhos de todas as dificuldades e agressões deste mundo"...
Tenho pensado, entretanto, que é hora de alterar minhas orações.
Essa mudança tem a ver com o facto de que é inevitável que os ventos gelados e fortes nos atinjam e aos nossos filhos.
Sei que eles encontrarão inúmeros problemas e que, portanto, minhas orações para que as dificuldades não ocorram, têm sido ingénuas demais. Sempre haverá uma tempestade, ocorrendo em algum lugar.
Portanto, pretendo mudar minhas orações.
Farei isso porque, quer nós queiramos ou não, a vida não é muito fácil.
Ao contrário do que tenho feito, passarei a orar para que meus filhos cresçam com raízes profundas, de tal forma que possam retirar energia das melhores fontes, das mais divinas, que se encontram nos locais mais remotos.
Oramos demais para termos facilidades, mas na verdade o que precisamos fazer é pedir para desenvolver raízes fortes e profundas, de tal modo que quando as tempestades chegarem e os ventos gelados soprarem, resistiremos bravamente, ao invés de sermos subjugados e varridos para longe.
Que Deus nos abençoe a todos.
Vale a pena reflectirmos sobre isto.
Bom fim de semana amigos queridos!!!





7 comentários:

Graça disse...

Linda Anita
Mais um texto para reflectirmos...muito
interessante a teoria do médico e k bem k ela ,se aplica ás nossas vidas !!
Bom fim de semana,
fica bem ,fica com Deus.
Bjo doce
Graça

neide disse...

Anita minha querida.

Que bela lição de vida.
Seu cantinho é meu porto seguro onde venho buscar paz, forças e fé além de sua maravilhosa amizade.

Que Deus te abençoe.

Feliz final de semana.

Bjsss

Tinoca Laroca disse...

God bless you.
T.

Anónimo disse...

Tem um selinho pra vc lá no Compartilhando Leituras...

Obrigada!

Bjs

carmen disse...

Amei este texto seu!!!
Só não concordo com as palmadinhas nas árvores... já é demais!

Mas eu não oro para que meus filhos sejam livres de toda espécie de infortúnio... Conheci uma senhora que orava assim e os filhos eram frívolos, egoistas emais alguma coisa e, como ela pedia para que o mal que fosse aos seus filhos acontecesse a ela (!!!) eles não tinham nenhuma esperitual... E quando ela comentava algo, eles a criticavam, pois nunca tinham passado pelas mesmas coisas, não acreditando nela...

Sempre orei para que Deus ensine os meus filhos, que os livre do mal, mas os faça adultos sábios, emocionalmente e espiritualmente fortes!!!

bjs

Anónimo disse...

Tem uma simples homenagem para todos os blogueiros que visitam o Compartilhando Leituras! Quando tiver um tempinho passe lá para conferir!!!

;)

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDA ANITA, QUE BELA LIÇÃO DE VIDA MINHA AMIGA... UM TEXTO MARAVILHOSO, QUE TODA A GENTE DEVIA LER... FANTÁSTICO... BOM FIM DE SEMANA!!!
ABRAÇOS DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA

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