19 outubro 2008

Amor e justiça



Há séculos atrás havia uma tribo cujo chefe era tido como superior aos chefes de todas as demais tribos. Naquela época, a superioridade era medida pela força física. Assim, a tribo mais poderosa era a que tinha o chefe mais forte. Mas o chefe de que estamos a falar não tinha somente força física. Ele era também conhecido pela sua sabedoria.
Desejando que o povo vivesse em segurança, ele criou leis abrangendo todos os aspectos da vida tribal.
Eram leis severas que ele, como juiz imparcial, fazia cumprir com rigor.
Desta feita, problemas começaram acontecer na tribo. Alguém estava a cometer pequenos furtos.
O chefe reuniu a tribo e com tristeza no olhar, frisou que as leis tinham sido feitas para os proteger, para os ajudar.
Como todos tinham do que necessitavam para viver, não havia necessidade de ocorrerem furtos. Assim, ele estabeleceu que o responsável teria o castigo habitual aumentado de 10 para 20 chibatadas.
Os furtos entretanto continuaram.
Ele voltou a reunir o grupo e aumentou o castigo para 30 chibatadas. Mas os furtos não paravam.
-"Por favor", pediu o chefe. "estou suplicando. Para o bem de vocês, os furtos precisam parar. Eles estão causando sofrimento entre nós." E aumentou o castigo para 40 chibatadas.
Naquele dia, os que estavam próximos dele, viram que uma lágrima escorreu pela sua face, quando ele dispersou o grupo.
Finalmente, um homem veio dizer que tinha identificado o autor dos roubos. A notícia espalhou-se e todos se reuniram para ver quem era.
Um murmúrio de espanto percorreu a pequena multidão, quando a pessoa foi trazida por dois guardas.
A face do chefe empalideceu de susto e sofrimento. Era sua mãe. Uma senhora idosa e frágil.
"E agora?" Pensou o povo em voz alta.
Todos começaram a questionar-se se o chefe seria ainda assim, imparcial. Será que ele faria cumprir a lei? Seria o amor por sua mãe capaz de o impedir de cumprir o que ele mesmo estabelecera?
Notava-se a luta íntima do chefe que por fim, falou:
- Meu amado povo. Faço isto pela nossa segurança e pela nossa paz.. As 40 chibatadas devem ser aplicadas porque o sofrimento que este delito nos causou foi grande demais."
Acenou com a cabeça e os guardas fizeram sua mãe dar um passo em frente. Um deles retirou o manto dela, deixando à mostra as costas ossudas e arqueadas. O carrasco armado de chicote, aproximou-se e começou a desenrolar o seu instrumento de punição.
Nesse momento, o chefe deu um passo à frente. Retirou o seu manto e todos puderam ver seus ombros largos, bronzeados e firmes. Com muito carinho, ele passou os braços ao redor de sua querida mãe protegendo-a por inteiro, com o próprio corpo. Ele encostou o seu rosto ao da mãe e misturou as suas com as lágrimas dela. Murmurou-lhe algo ao ouvido e então, fez um sinal afirmativo para o encarregado.
O homem aproximou-se e desferiu nos ombros fortes e vigorosos do chefe da tribo uma chibatada, após outra, até completar exactamente 40.
Foi um momento inesquecível para toda a tribo que aprendeu, naquele dia, como se podem harmonizar com perfeição, o amor e a justiça.



O amor é vida, e a compaixão manifesta-lhe a grandeza e o significado. O amor tudo pode e tudo vence, encontrando soluções para as situações mais difíceis e controvertidas. Enfim, o amor existe com a finalidade exclusiva de tornar feliz quem o cultiva, enriquecendo aqueles aos quais se dirige.

5 comentários:

Andreia disse...

Uma boa semana para ti!

Fernanda disse...

Lindo conto, Anita!
Isso é Amor.
Boa semana!
Beijinhos

Ana Maria disse...

Amar para ser amado.
Uma ótima segunda.
Bjs!

Pelos caminhos da vida. disse...

"Com amor superamos a dor."

Um gde abraço amiga.

beijooo.

maresia disse...

Boa semana Anita!
E...linda musica!
esse maravilhoso mundo! Será que existe!?
Beijo em teu coraçao

prémios e miminhos ganhos